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Dino decide que Lei da Anistia não protege ocultação de cadáver na ditadura

Dino decide que Lei da Anistia não protege ocultação de cadáver na ditadura

Dino decide que Lei da Anistia não protege ocultação de cadáver na ditadura

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino abriu caminho, neste domingo(15/12), para que o tribunal avalie se a Lei da Anistia pode ou não ser aplicada em crimes como a ocultação de cadáveres, cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). A decisão pode ter impacto direto em todos os casos dessa natureza que permanecem em aberto.

O debate foi reaberto em um recurso apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o arquivamento de uma denúncia de 2015. À época, o MPF buscava a responsabilização de Lício Augusto Ribeiro Maciel e Sebastião Curió Rodrigues de Moura, ambos tenentes-coronéis do Exército Brasileiro, por homicídio qualificado e ocultação de cadáveres durante a Guerrilha do Araguaia. O caso não avançou sob a justificativa da validade da Lei de Anistia, que abrange crimes políticos e conexos ocorridos entre 1961 e 1979.

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Com a morte de Sebastião Curió em 2022, o processo seguiu apenas em relação a Lício Maciel. Agora, sob relatoria do ministro Dino, o STF deverá definir se crimes considerados permanentes, como a ocultação de cadáveres, podem escapar à aplicação da anistia.

Crime permanente e a Lei de Anistia

Na decisão, emitida neste domingo (15), Dino esclareceu que o debate não envolve a revisão da Lei de Anistia, mas, sim, a interpretação de sua validade diante de crimes que se estendem no tempo. Segundo o ministro, como a ocultação de cadáveres configura crime permanente, a conduta se mantém ativa enquanto o paradeiro das vítimas permanece desconhecido. O ministro reforçou que a ocultação de cadáveres transcende o ato físico inicial, pois impede que familiares exerçam o direito ao luto e configura flagrante contínuo.

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Dino mencionou o impacto do desaparecimento forçado na história do país, citando o caso de Rubens Paiva, cujo corpo nunca foi localizado. O ministro trouxe ainda uma referência cultural ao mencionar o filme Ainda Estou Aqui, que retrata a busca incansável de famílias por respostas. "A dor imprescritível de mães como Zuzu Angel, que procurou obstinadamente pelo filho, sublinha o direito inalienável das famílias de encontrarem seus desaparecidos e exercerem o luto”, afirmou Dino.

O julgamento da tese deve ser levado ao Plenário do STF em breve, onde os ministros decidirão sobre o alcance da Lei de Anistia em crimes permanentes, como a ocultação de cadáveres.

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Fonte do artigo:resultados loteria São Paulo